Pablo Picasso, o artista espanhol, dizia que, aos 12 anos, já desenhava como o pintor italiano Rafael, mas precisou de toda uma existência para aprender a desenhar como as crianças.
A garatuja, nome dado aos rabiscos infantis aos quais ele se referia, pode não fazer muito sentido, mas é uma maneira de o seu filho se comunicar.
Os primeiros desenhos, por volta dos 14 meses, são traçados longitudinais, desprovidos de controle motor e sem sentido. Com 1 ano e meio, surgem os movimentos circulares. A partir dos 3 anos, eles se fecham em formas independentes. Ganham significado, ou seja, a criança lhes atribui nomes e conta histórias sobre o que retratou. Aos olhos dos pais, os rabiscos ficam mais reconhecíveis. Nessa fase, aparecem os primeiros indícios de figuras humanas. "A evolução da garatuja é paralela ao desenvolvimento cognitivo da criança", afirma a pedagoga Ana Paula Yazbek, diretora do Espaço da Vila, de São Paulo.
É por isso que a familiaridade com lápis e canetas é tão importante para a escrita. "Há atividades que o ser humano desenvolve naturalmente, como, por exemplo, caminhar. Habilidades, como escrever, precisam de treino", explica o neuropediatra Luiz Celso Villanova, da Universidade Federal de São Paulo.
Estimular é importante
A pedagoga explica que, a princípio, a criança ignora os limites do papel. "Cabe aos pais mostrá-los, pois ela ainda não sabe que existe um lugar certo para desenhar", diz. Os pais devem mostrar interesse por essa "vontade" de desenhar. "É preciso valorizar a produção, mas lembrando que nessa fase ainda não existe preocupação estética", observa Ana Paula. Ela recomenda lápis mais grossos. E não se esqueça de supervisionar o seu artista, para que ele não se machuque ou, ainda, rabisque as paredes.
Evolução do traçado:
· 14 meses:
Rabiscos sem forma ou intenção. Pouco controle dos movimentos, que se originam nos braços ou nos ombros.
· 18 meses:
Surgem os primeiros movimentos circulares, intercalados com retas. Maior controle sobre os músculos da mão.
· 3 anos:
Traços ganham formas. Desenhos recebem nomes. Aumenta a coordenação motora sobre o pulso e os dedos.
Fonte: Revista Crescer
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