quarta-feira, 21 de julho de 2010

Ser Professor e Professora é acreditar que um outro mundo é possível




Certa lenda conta que duas crianças estavam
patinando em cima de um lago congelado. Era uma
tarde nublada, fria e as crianças brincavam sem
preocupação.
De repente, o gelo se quebrou e uma das crianças
caiu na água. A outra criança, vendo que seu
amiguinho se afogava debaixo do gelo, pegou uma
pedra e começou a golpear o gelo.
Quando os bombeiros chegaram e viram o que
havia acontecido, perguntaram ao menino:
- Como você fez isso? É impossível que você tenha
quebrado o gelo com essa pedra em suas mãos tão
pequenas!
Nesse instante, apareceu um ancião e disse:
- Eu sei como ele conseguiu.
Todos perguntaram:
- Como?!
O ancião respondeu:
- Não havia ninguém ao seu redor para lhe dizer
que não poderia fazer!¹

É isto que ocorre na escola ou fora dela, muitas
vezes. Pessoas nos dizendo que isto ou aquilo não é
possível!
Um colega dizendo que este ou aquele aluno não
consegue aprender!
Nós, como professores, estamos o tempo todo
pensando em como encorajar nossos alunos em suas
descobertas, em seu autoconhecimento. Nos
preocupamos em tornar nossas aulas atraentes,
estimulantes e agradáveis. Procuramos auxiliar jovens
e crianças a avançarem em seus desafios, a
descobrirem quem são e do que são capazes. Nos
aventuramos com nossos alunos.
Precisamos sempre dar prioridade ao que o aluno
aprende e não ao que queremos ensinar. Acariciar e
preservar o espírito de cada um, pois, mesmo não
sendo o mais inteligente da classe, com certeza
resplandecerá com elogios e estímulos ao invés de
murchar com descrédito e humilhação.
É fundamental que tenhamos consciência de que
somos modelo de valores e padrões que o aluno imitará
ou rejeitará; levará na lembrança para a vida toda ou
esquecerá.
Esta é a parte profissional que nos toca. No
entanto, temos nossa vida pessoal e todas as
obrigações.
Contudo, assim como na lenda acima citada, não
podemos deixar que nos digam o que podemos ou
não fazer. Quando desejamos atingir um objetivo, nada
e nem ninguém pode nos impedir.
Muitas vezes, nos deixamos abater pelas
cobranças do dia-a-dia, por uma discussão com um
colega de trabalho, por um mal-entendido com um
pai de aluno, por uma atividade sem sucesso, por um
problema familiar, pelas relações pessoais, de um
modo geral, nem sempre muito fáceis.
No entanto, “a força de ser pessoa significa a
capacidade de acolher a vida assim como ela é (...).
A força de ser pessoa traduz a capacidade de conviver,
de crescer e de humanizar-se com estas dimensões
de vida(...)”²
Assim, podemos enfrentar as situações do
cotidiano com uma atitude saudável, agindo de forma
a contribuir para a transformação de nossa sociedade,
para que os alunos com quem trabalhamos sejam
cidadãos preocupados com a transformação deste
mundo, conscientes das desigualdades sociais e
dispostos a trabalhar para a eliminação disto tudo, e
não simplesmente pensar que ‘não temos nada com
isso’, tomando uma atitude passiva perante as
mazelas que acontecem todos os dias bem diante de
nossos olhos.
Mais uma vez, não podemos permitir que nos
digam:
-Isto não é possível!
Lutemos! Acreditando em nossas capacidades,
na certeza de que “um outro mundo é possível”.
(Profª. Denise Fernandes Pereira
¹Manoela Vitorino  
²Boff, L. Saber Cuidar: ética do humano – compaixão
pela terra. Editora Vozes, 1999).

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